quarta-feira, 25 de abril de 2012



SIR JAMES PAUL MCCARTNEY – 23/04/2012
            Ontem, no estádio do Arruda, voltei no tempo e realizei um sonho depois de 48 anos.
            Era o ano de 1964, ano de instalação dos governos militares, de dificuldades financeiras (para nós) de começar a trabalhar “para sustentar a casa”. Mas era também o início da adolescência, com todos os sonhos e paixões que tão bem a caracterizam.
            Conhecemos The Beatles e Elvis Presley nesse ano (apesar de alguns anos de estrada que eles já tinham) através de um programa que escutávamos toda tarde na Rádio Olinda. Elvis, por ser mais “atrevido” me conquistou aos primeiros acordes e comigo se mantém até hoje.
            The Beatles eram quatro rapazes e nós éramos quatro irmãs adolescentes, com sonhos molhados de muitas lágrimas e dores. Nada mais natural do que dividirmos o famoso quarteto para nós quatro e, “de posse” do seu Beatle, colecionarmos tudo que se referisse às sua vida e à sua obra. Assim, Beth ficou com John, eu com Paul, Zita com George e Graça com Ringo. Depois de nos tornarmos adultas, nunca mais perguntei se elas ainda mantinham as preferências. Sei que naquela época havia álbuns de figurinhas em preto e branco e cada uma tinha o seu mas tínhamos um trato para entregar a duplicata que saísse ao “tutor” verdadeiro que as utilizava para enfeitar os cadernos de escola.
            Assistimos na matinê do Cinema Atlântico (hoje Teatro Barreto Júnior) “A hard days night”, “Help”, “Magical Mistery Tour” e “Yellow Submarine”, vibrando cada vez que o “seu” Beatle aparecia. Quando voltávamos para casa, tínhamos assunto para muitas horas noite a dentro.
            Não tínhamos televisão, nem radiola e não podíamos comprar os discos mas eu tinha uma amiga (colega de colégio) que possuía tudo isso e eu sempre ia estudar com ela. Depois dos estudos passávamos uma hora ouvindo os discos (LP de vinil) e aprendendo a cantar cada uma das músicas deles. Até hoje ainda sei todas as músicas do início da carreira deles.
             Todo esse passado me voltou ontem quando sentei na arquibancada do Santinha para ver os Beatles, porque para mim Paul McCartney sozinho era The Beatles. O coração acelerou, a voz embargou, os olhos se encheram de lágrimas e eu não vi mais ninguém, a não ser ele, o lindo, o competente, o “meu” Beatle.
            De que importava se eu estava na arquibancada e ele não passava de um pontinho luminoso no palco? Estávamos respirando o mesmo ar. Mais distante ele estava quando eu o via nas telas do cinema ou em reportagens diretas de Londres.
            E o que me importava se a dura realidade após o show era bem diferente daquilo, e se depois da manhã, como Cinderela, minha carruagem se transformaria em abóbora cheia de contas de fim de mês para pagar? Nada interrompeu meu êxtase!
            Marquinhos, meu filho, não pode calcular o tamanho do presente que me deu nos meus 63 anos. Os limites impostos pela idade (naturais) desapareceram e ali estava a menina de 15 anos cantando “ A Day in a life”, “Eleanor Rigby”, “And I Love Her”, “Something” (que era de George) e tudo mais que ele quis cantar daquela época ou da sua carreira solo. E como ele cantou lindo...
            Foram três horas de show, quarenta músicas, sem intervalo nem para beber um copinho de água. E eu tive que comparar com tantos brasileiros que cantam, no máximo, com o bis, vinte músicas e acham que já fizeram o bastante.
            Dia 18 de junho ele completa 70 anos e continua com a energia e a carinha linda de menino.
            Que o Universo possa sempre conspirar a favor dele, porque o bem que ele transmite com as músicas e as atitudes em favor dos animais, além de seu carisma pessoal, nos fazem pessoas infinitamente melhores.
            Inferno Astral já era! Estou em estado de graça.
            Viva Sir James Paul McCartney!!!